Uma vez chorou
pela inveja que teve
das vidas alheias que cobiçou,
pelos sonhos que teve
e que jamais realizou.
Não era religioso,
tampouco viciado.
Para seu azar,
não tinha onde extravasar.
Era lúcido,
talvez um dos últimos.
Crítico,
debatia muito consigo.
Desligou o abaju,
levantou-se,
abriu a janela,
deixou a luz entrar.
E alí, através de suas lágrimas,
ficou a contemplar...
a claridade
com que a noite o despia.
Cru, sentiu-se exposto,
por sorte estava só,
não havia espelho,
não viu o seu rosto.
Chorou então
com todo o corpo.
se achava sujo de maus pensamentos.
Nunca se sentiu tão humano...
E essa humanidade o despertou.
Abriu os olhos ainda molhados,
num só fôlego se levantou.
Abriu a janela,
a noite era clara,
ficou a contemplar...
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