quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Cantiga

Era uma canção antiga
que pintava minha pele
com sua melodia,
uma vez que eu não mais ouvia.

Não é que eu não ouvisse por motivo de doença,
pelo avançado das horas
ou por uma questão de crença.

Não ouvia por teimosia.
eram tantos os barulhos desse mundo
que queria escutar tudo,
mas tudo me confundia.

As (des) combinações fonéticas
se alojavam em meus ouvidos
dia e noite e dia
como um apito.

Já nem me lembro qual o som do silêncio...
Buzina, plástico, televisão, celular,carro ou simplesmente o vento?
Será o som de pés descalços andando
ou de menino trelando?

Não me recordo.
Foram e são tantos barulhos,
que não mais escuto.
 Ahh! Sinto falto do tempo em que havia o Silêncio...

Mas como dizia no início:
ainda há uma cantiga que me comove.
Meus ouvidos não a ouvem,
mas minha pele a absorve.

Fico toda colorida
(me sinto cheia de vida)
e perfumada
(pelos cheiros dos tons de tinta).

Fico tão distraída...
Esqueço até que estou surda.
mergulho na melodia,
cheia de cor como dia ,
e vou dançar com o Silêncio,
penso.









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