segunda-feira, 30 de setembro de 2013

À distância

À noite,
bares,
conversas,
conhecidos,
desconhecidos,
eu,
você,
olhares,
de sim,
de não,
de histórias
contidas
à distância.

Monocromia

Entre um piscar e outro,
uma lágrima cai.
Resumo de minha
melancolia
cinza,
monocromia.

Pedra

Seca
que até a lágrima...

que até o nó...
Ausente
que até o presente...
Pedra
que já nem sente.

Amigos

Ah! os amigos...
Se não fossem eles,
quem estaria comigo?

Até a solidão me desacompanha.
Chorar é uma façanha.
É que o peito de tão cansado
dorme enfadado.

E a lágrima seca na pele deserta..
E o sorriso é tímido quando despido.
E o ouvido é surdo ao burburinho do mundo.
E os olhos não enxergam, só esperam...

A presença dos que me querem bem são presentes...
Amigos que acordam o coração
e aliviam o peso da gente!








Solidão

Danço
a dança
do último
balanço
e lanço
olhares
a espera...
azares,
uns veem,
outros vão..

Só,
me acostumo,
não me assusto,
abro um livro,
nele vivo,
outros mundos.

Estar

A incógnita do futuro,
o medo do que eu não vejo,
a incerteza do que é belo,
a dúvida do que eu quero...

Mais eis que chega um momento,
o fim do tormento,
onde a dúvida se faz certeza,
esteja onde esteja.

Eu voo o mundo

Eu voo o mundo
só pra esquecer
que no fundo
estou presa aqui.

Tento me libertar
das ruas,
das pontes,
das fontes,
do amor,
dos amados
de tudo o que é passado

E caminhar
em qualquer direção
outro céu
outro amanhecer
outro sim
outro não,
esperanças
em um vão.

Fera

Quem já viu muita morte
por vezes se torna pedra,
o coração cheio de amor,
e a aparência de fera.

Fera
que machuca e maltrata,
não conhece as
palavras
que de sua boca derrama em
chamas.

Fera
que não chora o
amor,
mas absorve tudo o que é
dor
e se petrifica.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Meu lugar

Debaixo da chuva,
na parada,
vejo a inundação
se aproximar.

Sou uma ilha
a espera do ônibus
de número desconhecido
que irá me levar
ao lugar de onde vim
e estou a procurar.

Chove
e a água afunda meus pensamentos.
pego o ônibus
qualquer de um destino que não
sei a quem pertence
e vou.

Chego
e abro todas as portas
de todos os andares
de imensos corredores
dos mais variados
lares.

No ultimo andar
vejo uma cadeira vazia
que diversas pessoas sentadas
me convidam a ocupar.




Caminho

Da chuva da noite passada,
o chão de terra molhada.
Das sombras da madrugada,
os verdes  da calçada.

Me ergo,
caminho,
aqueço,
descubro antigos
segredos.

Das montanhas distantes,
a vida de antes.
Do deserto de pedra,
o frio que congela.

Abro
os olhos,
estremeço.
Cada caminho
é recomeço.

Poesia suicida

Tem dias em que
toda a poesia
caminha para o desfiladeiro
sem medo.

Palavras
que nascem amputadas
em papéis amassados
jogados no lixo.

Triste destino!

Palavras-bomba
que detonam meus pensamentos
e depois desaparecem
como um sopro de vento.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Baleia

Uma baleia gigante
atravessou meu instante
e me trouxe de volta pro lar.

Estava andando nas areias,
a mar havia sumido,
eu já havia ido.

O deserto se aproximava
e, no lugar do nada,
me pus a nadar....

perdida
na areia, na ar, na mar,
sem nunca chegar.

cansei,
mas antes de afundar,
veio uma baleia me salvar.



Dias

Nos dias de chuva
danço nua.
Nos dias de sol
caminho só.
Nos dias azedos
bate um desespero.
Nos dias suaves
me alimento de saudade...
dos dias amarelos
doces que nem caramelos,
dos dias azuis,
em que dormia embalada de luz
E esqueço dos dias amargos,
que nem as lágrimas adoçavam.

Meditação

Todos bocejavam
em ritmo viciante,
lá fora a chuva, o vento,
aqui dentro a preguiça do pensamento.

E esse ar-condicionado gelado,
e a monotonia dessa voz sem cadência,
me mexo na cadeira
sem paciência.

Escuto o coro dos bocejos,
o mantra da palestra me desperta,
entro em estado meditativo
à espera...

sábado, 14 de setembro de 2013

vazia

O pé está no sapato
A perna se curva sobre a cadeira
A mão apoia o rosto
E o cotovelo sobre a mesa
Vazia

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Texto

Deixo-te interpretar meus textos,
apenas pelo desespero
de esperar,
na angustia
da esperança
de criança.

Leio-te
e defino teu destino,
libertador, aprisionador
não há escapatória para a
dor
de não ter.

Aquilo que nasce para outrem,
que sempre vai além
e volta
diferente,
modificado por outros olhares,
nem te reconhece.

Personagem

Sou o principal personagem
do site,
da televisão,
da revista,
do jornal,
da fotografia no chão.

Apanho
do chão,
do cotidiano,
do banal,
do racional,
do real,
da ficção.

E olho para mim mesmo,
esse personagem
representado no espelho.

Imagens

Enquanto a televisão
a mim assiste,
eu
assisto à televisão.

em sua tela,
estão passando
meus erros
cotidianos.

Desligo o aparelho,
um pouco de realidade,
abro a porta
e contemplo
as fotografias da cidade.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Agosto

À gosto de que
existe Agosto?

Não sei se é o
inverno
que aproxima esse mês do
inferno...
de repente é a
ventania
que varre toda
alegria...

Ao menos para mim,
Agosto nunca teve gosto,
nunca foi dez...
só des
des-ilusão
des-tempero
des-sabor
des-amor...

E à gosto
do desgosto
devorei agosto...

Só que hoje,
indigesto,
ainda arroto seus ventos...
levo
chuva e frio
dissipando
Setembro.






comprimido

estico
os dedos
os pés
as mãos
as pernas
os braços
e arrebento
o medo