terça-feira, 30 de junho de 2015

Do Recife pro Sertão

Recife...

Da rua da Praia ao Estelita,
dos coqueiros ao azulejo,
do frevo ao sertanejo,

Contemplo a cultura que afunda nesse teu solo encharcado,
tuas palafitas de 32 andares,
que se erguem onde antes (a via) mares.

Saudoso o tempo
em que acreditava haver governo.
Hoje, despachantes de empreiteiros.

Ahh! a melodia de tuas buzinas
embala meus cochilos de motorista,
indiferenças em cada esquina.

Chineses e cabras da peste por todos os cantos. É a revolução!
interfones, smartphones e todos os ones 
ardem em brasa na fogueira de São João.

xote, maracatu e baião,
um último gole de esgoto e gasolina
navego rio acima...

"Vou voltar pro meu sertão"

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Enquanto (amarelo)

Enquanto

Observava as fotografias amarelas
de meu futuro noturno,
acendi uma vela.
É que luz da vela também é de espera.

Por ter parado de fumar,
não tive alternativas, só restou o ar
amarelo que inalo de meu corpo
estarei morto?

Que importa, se tenho a eternidade dessa hora.
Olho para o relógio e o tempo não passa.
passa-tempo-passa-e-nada
nesse amarelo silencioso.

Ou louco? na loucura
da nostalgia futura do que ainda não veio
nu-frio-nu-peso
desse amarelo espesso.









Sertão

De  tão ver sertão
aprendi a ser tão
tão ser que nem sertão.

Seco de tão graveto
Areia de tão poeira
Eras ser tão de espera

Minha pisada faz rachar o chão
Meu sopro faz acender o fogo
Meu choro faz germinar o broto

Passam os sóis...
Ser tão verde,
Que verde é a cor do ouro.

Acho rio acho riacho,
rio alto e avoo o sertão
de casaca de couro.





Desculpem-me os demais jogadores

Não tenho a missão
de ser feliz,
de obter sucesso
de casar
ou fazer sexo.

Desculpem-me os demais jogadores.
Mas para viver, nada disso é preciso.

Objetivos, metas, receitas, modelos, tabuleiros,
Dados, casas, cartas
ou parceiros de competição - ação -ação...

Todos iremos perder.

Não me interesso por seguir um roteiro para a felicidade...
Prefiro a despreocupação
de quem se senta as 5 da tarde
para contemplar o desassossego das últimas sombras da cidade.








Melancolia

A Melancolia que escreve meus textos voltou de suas longas férias.
Conheceu lugares, admirou paisagens, construiu imagens...
De companhia, apenas a Solidão.

Fingiu ter amigos e amores (de verdade),
Fingiu ainda ter a idade,
Fingiu até ser de outra cidade.

Rodou, rodou, rodou e voltou...

Dos químicos aos mitos, Tudo
é Simulação
A Verdade, como uma cebola.

Aprecio seu sabor...
Forte
que arde e alimenta.

E choro...

Me cosola a Solidão.
Só, rio.
Sinto enorme euforia por ter de volta a Melancolia.