Foi em um dia qualquer que aconteceu.
Me pintava diante do espelho
quando refleti:
talvez aquela não fosse eu.
Coberta de códigos
fui me despindo.
Das alegorias do mundo
me despedindo.
Nua, mirei meu reflexo,
pensava encontrar minha essência.
Mas tantas semelhanças
eram meras aparências.
E aquela aparência
me enebriava.
Quem era ela?
Não era eu , ou era?
Sem coragem para fugir, fiquei alí.
Petrifiquei.
Quanto mais refleti,
menos me enxerguei.
No nevoeiro da mente, me perdia.
Do reflexo, uma luz fugidia
me guiava,
mas também cegava.
Anoiteceu.
Procurei em vão me encontrar.
Tateei meu corpo, a pele, a carne, a sombra,
nada estava lá.
Vagueei noites sem fim.
Vazio,
era apenas um cristal frio.
Até que, num clarão, te vi.
Claro e vivo, bem perto, olhavas para mim.
Sorrias,
sorri.
Foi então que compreendi:
Já fui outra
e muitos.
Hoje sou vários e um
reflexo de ti.
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Brindo
Brindo
a uma vida inútil,
sem metas ou objetivos,
que não sirva de exemplo,
que a ninguém seja útil!
Brindo
às voltas que dou em torno de meu umbigo,
aos momentos perdidos
aos encontros e desencontros
que tenho comigo!
Brindo
e digo adeus
à busca da felicidade,
à vaidade do ser ou ter
à morte e à saudade!
Brindo
a essa vida presente,
que em meu peito bate,
na qual tudo pode fazer parte
e também estar ausente!
a uma vida inútil,
sem metas ou objetivos,
que não sirva de exemplo,
que a ninguém seja útil!
Brindo
às voltas que dou em torno de meu umbigo,
aos momentos perdidos
aos encontros e desencontros
que tenho comigo!
Brindo
e digo adeus
à busca da felicidade,
à vaidade do ser ou ter
à morte e à saudade!
Brindo
a essa vida presente,
que em meu peito bate,
na qual tudo pode fazer parte
e também estar ausente!
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Da seca que não vi
Urubucevando essa paisagem agreste,
superexposta, sem-contraste,dura,
sob o sol de meio-dia, um calor da peste,
vejo ao longe, a se aproximar...
A sede para me lembrar
do gosto salobroso da última água que bebi.
Não há remédio, medicamento é continuar...
Sedento, paro na próxima som...
que de tão incerta não consegue ser inteira.
sem eira, me sento à beira
da fugidia escuridão.
Estou cansado.
O suor me alivia, mas é salgado.
Escuto a fome, penso nos futuros passos...
Ando, ronco, respiro, vejo, água, corro,vôo
Na poça de ilusões, morri afogado
e, pelas aves de rapina, fui levado.
superexposta, sem-contraste,dura,
sob o sol de meio-dia, um calor da peste,
vejo ao longe, a se aproximar...
A sede para me lembrar
do gosto salobroso da última água que bebi.
Não há remédio, medicamento é continuar...
Sedento, paro na próxima som...
que de tão incerta não consegue ser inteira.
sem eira, me sento à beira
da fugidia escuridão.
Estou cansado.
O suor me alivia, mas é salgado.
Escuto a fome, penso nos futuros passos...
Ando, ronco, respiro, vejo, água, corro,vôo
Na poça de ilusões, morri afogado
e, pelas aves de rapina, fui levado.
domingo, 10 de junho de 2012
Das lembranças esquecidas
Coloquei as lembranças ao sol.
Estavam todas mofadas, empoeiradas.
Eram lembranças esquecidas,
que estavam numa gaveta,
há muito tempo guardadas.
O sol então clareou
minhas recordações
sem distinção,
me mostrou tudo
num raio, num clarão.
Rapidamente,
coloquei meus óculos escuros.
É que o brilho das memórias
me ofuscava,
cegava.
Sem pensar duas vezes,
atordoado que estava
guardei de novo as lembranças
na gaveta em que estavam trancadas.
Estavam todas mofadas, empoeiradas.
Eram lembranças esquecidas,
que estavam numa gaveta,
há muito tempo guardadas.
O sol então clareou
minhas recordações
sem distinção,
me mostrou tudo
num raio, num clarão.
Rapidamente,
coloquei meus óculos escuros.
É que o brilho das memórias
me ofuscava,
cegava.
Sem pensar duas vezes,
atordoado que estava
guardei de novo as lembranças
na gaveta em que estavam trancadas.
Inundação
Água cidade construção pedra construção cidade águaágu
águaágua cidade construção pedra construção cidade águaáguaág
águaáguaáade construção pedra construção cidáguaáguaáguaágu
águaáguaáguaágua construção pedra construção águaáguaáguaá
águaáguaáguaáguaáguatrução pedra conságuaáguaáguaáguaágua
águaáguaáguaáguaáguaáguaáguaedráguaáguaáguaáguaáguaáguaá
águaáguaáguaáguaáguaáguaáguaáguaáguaáguaáguaáguaáguaágua
Novo
A obrigação do novo
é o castigo da contemporaneidade.
Faz passar mais areia pelo orifíco da ampulheta,
causa insatisfação crônica
e confunde Bem com Progresso
é o castigo da contemporaneidade.
Faz passar mais areia pelo orifíco da ampulheta,
causa insatisfação crônica
e confunde Bem com Progresso
Crescer?
Crescer, crescer, crescer...pra onde?
Quero apenas ocupar o mesmo espaço.
Passar os dias oservando a vida
aqui,
sentado.
Quero apenas ocupar o mesmo espaço.
Passar os dias oservando a vida
aqui,
sentado.
Prolixo
Sejamos prolixos!
Tenhamos uma vida cheia de adjetivos!
Digo Adeus às frases curtas.
Eu quero é entrelinhas,
paragrafos loooooongos,
capítulos complexos,
e muitas, mas muitas reticências...
Não quero o discurso publicitário,
ou jornalístico,
automatizados, prostituídos.
Quero o discurso poético,
ou lírico,
orgânicos, não corrompidos.
Que meus dias sejam contos.
Que minhas semanas sejam capítulos.
E minha vida uam coletânia.
Tenhamos uma vida cheia de adjetivos!
Digo Adeus às frases curtas.
Eu quero é entrelinhas,
paragrafos loooooongos,
capítulos complexos,
e muitas, mas muitas reticências...
Não quero o discurso publicitário,
ou jornalístico,
automatizados, prostituídos.
Quero o discurso poético,
ou lírico,
orgânicos, não corrompidos.
Que meus dias sejam contos.
Que minhas semanas sejam capítulos.
E minha vida uam coletânia.
Preencher lacunas?
Por que viver em busca de...?
Daquilo que não...
Quem busca o ausente, só encontra o vazio.
Realça a condição do Não
e da presença da Ausência.
Melhor é viver,
assim mesmo,
sem complementos
Viver é intrasitivo.
Daquilo que não...
Quem busca o ausente, só encontra o vazio.
Realça a condição do Não
e da presença da Ausência.
Melhor é viver,
assim mesmo,
sem complementos
Viver é intrasitivo.
Solução pra tristeza
Solução pra tristeza
é lágrima,
que rega.
E, tal como a chuva que finda a seca,
faz do galho morto
nascer um broto
de flor, de fruto,
de ilusão ou alegria.
é lágrima,
que rega.
E, tal como a chuva que finda a seca,
faz do galho morto
nascer um broto
de flor, de fruto,
de ilusão ou alegria.
Protesto
Não à poesia difícil,
de forma petrificada,
enjaulada,
refém do cimento e argamassa.
Não à vida comedida,
de liberdades calculadas,
de espaços limitados,
entre muros e paredes
Sim a toda combinação orgânica,
às diversas possibilidades,
ao que está fora dos planos,
a qualquer improviso.
Eu quero é verso livre!
E que a água,
ao passar por aqui,
lave e leve todas as pedras.
de forma petrificada,
enjaulada,
refém do cimento e argamassa.
Não à vida comedida,
de liberdades calculadas,
de espaços limitados,
entre muros e paredes
Sim a toda combinação orgânica,
às diversas possibilidades,
ao que está fora dos planos,
a qualquer improviso.
Eu quero é verso livre!
E que a água,
ao passar por aqui,
lave e leve todas as pedras.
Em fim
Em fim nos tornamos amigas. Não me deixas dormir, mas me ajudas a criar.
Quando chegastes, confesso, não gostei. Fingi que não te vi e me virei.
Cochilei. Me despertaste. E desse disparate começou nosso embate.
E assim foi.
Até que, cansada da batalha, cedi, obedeci, te aceitei .
Vem Insônia, senta-te ao meu lado, toma essa xicara de chá e me ajudas a pensar.
Quando chegastes, confesso, não gostei. Fingi que não te vi e me virei.
Cochilei. Me despertaste. E desse disparate começou nosso embate.
E assim foi.
Até que, cansada da batalha, cedi, obedeci, te aceitei .
Vem Insônia, senta-te ao meu lado, toma essa xicara de chá e me ajudas a pensar.
Protesto
Abaixo às ultrapassadas inovações,
à nova embalagem do conservador,
aos novos designs do tradicional!
Nesse mundo de moda,
fuga e atroz,
regido pela tríade: consumo, mudança e progresso,
eu quero é freio!
O bom e novo velho de novo!
à nova embalagem do conservador,
aos novos designs do tradicional!
Nesse mundo de moda,
fuga e atroz,
regido pela tríade: consumo, mudança e progresso,
eu quero é freio!
O bom e novo velho de novo!
Insônia
Se não fosse a poesia,
seria o ansiolítico
o rémedio necessário
pra ordenar
a essa mente bagunçada.
seria o ansiolítico
o rémedio necessário
pra ordenar
a essa mente bagunçada.
Eu fico aqui
Contrário
ao (ilusório) crescimento econômico do país
de uns
ao (ultrapassado) desenvolvimento de novas tecnologias
supérfluas
e aos (autoritários) ditames do progresso
malévolo,
eu fico aqui.
Sentado,
esperando,
remoendo
os mesmos pensamentos
do futuro e de antigamente.
ao (ilusório) crescimento econômico do país
de uns
ao (ultrapassado) desenvolvimento de novas tecnologias
supérfluas
e aos (autoritários) ditames do progresso
malévolo,
eu fico aqui.
Sentado,
esperando,
remoendo
os mesmos pensamentos
do futuro e de antigamente.
Liberd...
- Eu quero a liberdade de não fazer nada,
de não ter que inovar,
de não evoluir, crescer, desenvolver,
de não "olhar pro futuro",
de não progredir.
- Eu quero a palavra Liberdade,
cansei de viver de migalhas.
Me deixa sair dessa gaiola!
- Cala-te! ou te tiro a palavra!
- liberd...
de não ter que inovar,
de não evoluir, crescer, desenvolver,
de não "olhar pro futuro",
de não progredir.
- Eu quero a palavra Liberdade,
cansei de viver de migalhas.
Me deixa sair dessa gaiola!
- Cala-te! ou te tiro a palavra!
- liberd...
Protesto
Chega de progresso!
Chega de crescimento econômico!
Abaixo a pós-modernidade!
Quero mais é estar na moda da coleção passada,
dirigir um carro que dure vinte anos,
ter amigos pra vida inteira
e amores que durem mil anos!
Chega de crescimento econômico!
Abaixo a pós-modernidade!
Quero mais é estar na moda da coleção passada,
dirigir um carro que dure vinte anos,
ter amigos pra vida inteira
e amores que durem mil anos!
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