De tanto silenciar o pranto
perdi a voz,
dei adeus ao canto.
Mesmo nos momentos alegres
o som não aparecia.
Eu não mais ouvia.
O mundo era apenas imagens
e eu só exergava miragens.
É que quando o pranto é mudo
não lava a alma,
seca os olhos, a voz, os ouvidos,
enevoa todos os sentidos.
E sem sentir nada faz sentido...
Nem o pranto,
nem o riso,
nem o canto
ou qualquer espécie de encanto.
Até a melancolia,
sem sentido, desaparecia.
A carne,
sem o tato, não existia.
Silêncio
era tudo o que havia.
Desapareci.
Sou silêncio,
ora negro, ora cinzento,
com trajes de noite
em plena luz do dia.
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