quinta-feira, 18 de abril de 2013

Sombra

De tanto silenciar o pranto
perdi a voz,
dei adeus ao canto.

Mesmo nos momentos alegres
o som não aparecia.
Eu não mais ouvia.

O mundo era apenas imagens
e eu só exergava miragens.

É que quando o pranto é mudo
não lava a alma,
seca os olhos, a voz, os ouvidos,
enevoa todos os sentidos.

E sem sentir nada faz sentido...

Nem o pranto,
nem o riso,
nem o canto
ou qualquer espécie de encanto.

Até a melancolia,
sem sentido, desaparecia.
A carne,
sem o tato, não existia.
Silêncio
era tudo o que havia.

Desapareci.

Sou silêncio,
ora negro, ora cinzento,
com trajes de noite
em plena luz do dia.

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