quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Retratos de família

Procuro nos porta-retratos
os destroços de meu passado,
as magoas familiares,
a ruína de todos os lares.

Rostos que não dizem nada
sorriem de minha desgraça,
eternizando ficções,
margarinas de emoções.

É possível ler meu presente
nas entrelinhas dos ausentes?
Que gosto terá o passado
de um futuro  amargo?

Em busca de sentidos,
devoro as fotografias
de parentes esquecidos.

Memórias queimam no estômago.
Na boca, um gosto ácido,
uma ânsia de vômito.

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