segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Guararapes

Da parada pro colégio,
Do colégio pro trabalho,
Do trabalho pra faculdade.
Andei, esperei e atravessei em todos os pontos da Guararapes.

Do sebo, onde comprava livros do professor,
Dos Correios, de onde colecionava os selos,
Das filas de Sítio dos Pintos, Torrões, Monsenhor Fabrício, Roda de Fogo, etc.
Em média 45 minutos de espera.

Do happyhour do expediente,
Do Savoy, onde cantei quase em inglês,
Do Destaq, onde as saideras não tinham fim,
E ônibus elétrico! foi delícia e foi tormento para mim.

Dos dias que antecedem o Galo,
Dos apitos de cocoricós,
Dos coloridos de carnavais.
Guararapes a pé pra nós!

Dos sapateiros, livreiros e pipoqueiros,
Do algodão doce e da água coco,
Dos vinis, santos, rosas e panfletos
- Aceito vale A, vale B, vale C, ticket ou um beijo!

Dos prédios vazios,
Das paredes descascadas,
Das festas noturnas escondidas,
Aventuras loucas de idas e vidas!

Do tarado do ônibus, do ladrão de celular, dos cheira-colas,
Dos pedintes, dos mendigos, dos loucos diversos,
Do grito, da bolsa apertada no braço, da carreira, dos conselhos.
Essa parte nunca esqueço!

Do banco às bancas de jornais.
Dos contratos aos noticiários.
Do trabalho  ao passatempo.
Fudidos, achados e perdidos, todos unidos!

Das chances de mudar de vida às filas pra pagar a conta.
Da cópia do documento à falta de monumento.
Do artesanato ao quiosque mais barato
Tudo aqui segue um compasso

Do passo
Da pressa
De quem atravessa
sem desespero
no sinal vermelho
sem medo da morte
pois confia na sorte
e reza
pra chegar no endereço
Guararapes
Eu também envelheço!


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