sábado, 5 de janeiro de 2013

Em casa

Escuto os passos,
é o Passado,
que mandei embora.
Desce as escadas com raiva,
a madeira range,
o chão treme...
É o som da casa que esperneia.
Os móveis não compreendem,
os talheres se consolam,
os lençóis...respiram o último cheiro
do passado que não deveria estar presente,
que como tudo o que é passado
já nasceu ausente.

Escuto o bater da porta,
dou o último suspiro do alívio.
Silêncio.
Eu.
todos os ruídos são meus.
E assim permaneço,
dia após dia,
sou minha própria companhia.

Escuto uma batida na porta,
acostumada com a solidão grito:
"Vá embora".
-Sou eu, o Futuro,
acaso cheguei em dia obscuro?
Desço correndo as escadas,
abro a porta e digo:
"Não, entre, a cama está quente,
acomode-se e se faça presente".



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