terça-feira, 14 de julho de 2015

Madrugadas de domingo

Ninguém sabe o prazer que sinto
de correr na madrugada dos domingos.
De primeiro, a ponte do Limoeiro, 
que de limão nunca vi,
apenas uma ou duas  prostitutas que fazem ponto alí.
E não posso me esquecer
os barquinhos coloridos de pesca,
para o dia não entristecer.

Sigo 'vuando' pelo Antigo,
sou dona da rua, só eu e meia dúzia de mendigos.
É verdade tem os noturnos das festas,
que esqueceram da hora da cinderela,
tropegos caminham pelas calçadas.
Me divirto, mas não digo nada.
Lembro que um dia já fui eu,
adeus passado, adeus!

Observo os casarios, os prédios modernos, o rio
o esgoto, o meio-fio
e a meia vida do mangue, de quem já foi mangue-town
e agora é asfalto e cimento.
Observo, mas não lamento.
A natureza a de cobrar a conta
Chego a outra ponta,
é a ponte giratória.

Onde giram as câmeras de segurança,
gira eu, gira você, giramos todos nessa dança
da musica que não escolhi pra tocar.
Rezo pelo avanço do mar.
só ele para limpar essa cidade,
devolver ao cais sua dignidade.
Iemanjá toma minha oferenda,
Te ofereço duas Torres Gêmeas!

Por medo do viaduto,
confio mais nos becos escuros,
respiro o cheiro de peixe, 
e dou a volta nos escombros de Santa Rita.
Retorno pela Martins de Barros
(devia ser proibido dar nome de gente a rua)
rua boa é rua da Aurora, da Alegria, da União
da Amizade, até a da Saudade...

Esqueço esse meu rancor,
quando vejo o Baobá meus olhos se enchem de amor.
Não pelo palácio da corrupção,
ou pelo teatro da hipocrisia,
mas pelas praças que se encontram presas,
pela Santa Izabel, uma dama de grande beleza
e pelo Liceu, meu colégio
tão meu!

Atravesso a última ponte do meu passeio
De um lado o Sol do outro minha casa
aos meus pés o Capibaribe
Minha ponte e suas irmãs,
meu cinema preferido.
Olinda, onde nasci
Aurora, onde vivo
Recife, o ar que respiro. 

















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